Mercados financeiros globais enfrentam volatilidade após colapso de bancos americanos

No último domingo, o Silicon Valley Bank (SVB) e o Signature Bank declararam falência, gerando forte volatilidade nos mercados financeiros globais. Os índices acionários operaram entre o pessimismo de uma ampla crise financeira e a expectativa de altas menores de juros nos países ricos, especialmente nos Estados Unidos. Essa situação pode ter efeitos no Brasil, permitindo ao Banco Central (BC) antecipar o corte da Taxa Selic.

Analistas de bancos e gestoras acreditam que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode até dar uma pausa no processo de aperto monetário em sua próxima reunião, nos dias 21 e 22 deste mês, a fim de avaliar se as medidas adotadas nos últimos dias impedirão uma crise de maiores proporções no sistema bancário. O Fed vem de oito elevações consecutivas nos juros, e a taxa atualmente está no intervalo entre 4,5% e 4,75%, o maior patamar desde 2007. Goldman Sachs e Wells Fargo, por exemplo, já preveem uma interrupção do ciclo de altas na próxima semana.

Na avaliação de integrantes do governo Luiz Inácio Lula da Silva, as futuras decisões do Fed podem até acelerar o corte de juros no Brasil. A reunião do Fed deste mês coincide com a do Comitê de Política Monetária (Copom). O resultado dos EUA será divulgado primeiro, o que pode impactar a decisão do Brasil.

O presidente Joe Biden buscou tranquilizar a população americana, assegurando que o sistema bancário é seguro e que os depósitos dos clientes do SVB e do Signature estão garantidos, mesmo que ultrapassem o limite previsto pela Federal Deposit Insurance Corporation (Fdic, agência reguladora), de US$ 250 mil. Biden ainda afirmou que os responsáveis serão punidos para que isso não se repita, e o Fed abriu uma investigação interna sobre sua própria supervisão do SVB.

Alguns analistas ponderam, no entanto, que o BC vai considerar ainda outras variáveis, como o comportamento do câmbio, a apresentação de um arcabouço fiscal crível e a evolução do processo desinflacionário. Para o economista da ASA Investments, Angelo Polydoro, se houver uma queda muito grande da atividade econômica dos EUA, será preciso olhar o impacto nas variáveis financeiras.

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