O último trimestre de 2021 marcou o maior aumento em 18 anos nos preços de imóveis acompanhados em 150 cidades pela consultoria Knight Frank, especializada no ramo imobiliário e com mais de 500 escritórios pelo mundo.
De acordo com o último relatório do índice Global Residential Cities, com periodicidade trimestral, o valor médio dos imóveis vendidos nos locais pesquisados cresceu 11% em relação ao mesmo período do ano anterior, o maior percentual desde o quarto trimestre de 2004.
Entre as 150 cidades que compõem a amostra, 140 registraram alta nos preços, contra 122 no ano de 2020.
Istambul, na Turquia, está no topo da lista, com aumento expressivo de 63% no valor dos imóveis. As três primeiras posições, aliás, são ocupadas por cidades turcas – Izmir vem em segundo (58,5%) e Ancara, em terceiro (55,9%).
O país, contudo, é um caso à parte. A Turquia está mergulhada em uma crise econômica marcada pela maior alta da inflação em duas décadas. Em 2021, o índice oficial de preços subiu 36,1%, e segue acelerando. Em abril deste ano, a alta acumulada em 12 meses chegou perto de 70%.
Nos Estados Unidos, a cidade com maior salto nos preços foi Phoenix (32,5%), que ocupa o 5º lugar do ranking, seguida por Miami (27,4%, 8ª posição), Dallas (26%, 9ª posição) e San Diego (25,4%, 10ª posição).
São Paulo e Rio de Janeiro, as cidades brasileiras que compõem o índice, estão na parte final da lista, na 121ª e 129ª posições, respectivamente, com altas de 4,4% e 2,2% nos preços.
Segunda imóvel
Parte do aumento dos preços observado no fim do ano passado também se deve a uma espécie de renascimento das cidades observado após quase dois anos de pandemia, acrescenta a chefe de pesquisa residencial internacional da Knight Frank, Kate Everett-Allen, em entrevista à BBC News Brasil.
Após os primeiros lockdowns, nos países mais ricos muitas pessoas chegaram a deixar os grandes centros urbanos e, com a mobilidade proporcionada pelo home office, se mudaram para cidades menores ou mesmo para áreas rurais.
Chegou-se a questionar na época qual seria o futuro das cidades – se elas veriam, por exemplo, um êxodo significativo de seus habitantes.
“Mas, desde a primavera de 2021, cerca de um ano atrás, começamos a ver muita gente voltando para as cidades em busca da conectividade, da oferta de cultura, dos teatros, dos restaurantes”, comenta Everett-Allen, referindo-se especialmente às nações ricas fora da Ásia. No continente asiático, em locais como China, Hong Kong e Cingapura, a maioria das pessoas se manteve nas grandes cidades.
“Aqui em Londres, há pessoas que compraram um segundo imóvel no interior, por exemplo, e hoje, com o trabalho híbrido, passaram a usá-lo no home office uma parte da semana, enquanto passam os demais dias por aqui”, ela ilustra.
A retomada do turismo – e dos intercâmbios de estudantes – também contribuiu para empurrar os preços para cima em algumas regiões, entre elas Austrália e Nova Zelândia.
O que esperar de 2022
Os aumentos de juros que vêm sendo observados em boa parte dos países para tentar controlar a inflação elevada que tem marcado 2022 deve ajudar a desacelerar os aumentos de preços.
Por depender de financiamentos de médio e longo prazo, o mercado imobiliário é, de forma geral, bastante sensível às oscilações das taxas de juros. À medida que os financiamentos ficam mais caros, a demanda tende a cair – e, em alguns casos, esse movimento pode levar os preços a estabilizarem ou mesmo reduzirem.
A questão, neste caso, é que mesmo que os preços subam menos, o problema do acesso a moradia pelas famílias mais pobres persiste ou pode se intensificar, já que os empréstimos se tornam mais caros.
Em um longo relatório sobre o mercado imobiliário divulgado no último mês de abril, a consultoria britânica Capital Economics destacou que o indicador da OCDE que relaciona o preço dos imóveis em proporção da renda domiciliar – o que, na prática, revela o quão acessíveis ou não os preços são às famílias – atingiu o maior patamar pelo menos desde o ano 2000, acima inclusive do último pico, de 2007, às vésperas da crise financeira global.
No texto, os economistas Vicky Redwood e Andrew Burrell destacam, contudo, que é bastante improvável que a nova onda de aumento de juros desencadeie uma crise financeira global nos moldes daquela de 2008.
O aumento dos preços observado na última década e mais recentemente, eles argumentam, não foi acompanhado por um relaxamento da concessão de crédito – um dos fatores que catalisou a crise no mercado imobiliário americano naquela época.
A informação é da BBC
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