terça-feira, 24 de maio de 2022

Setor imobiliário terá pequena retração, neste ano, mas voltará a crescer em 2023

O setor imobiliário terá pequena retração, neste ano, mas voltará a crescer em 2023. É o que avalia Arnaldo Curiati, um dos fundadores da UBlink, startup de locação, compra e venda de imóveis. “Lançamentos e vendas de imóveis residenciais vão encolher um pouco, como consequência das altas de juros para controlar a inflação e 2022 ser um ano eleitoral, mas o cenário mais claro esperado para o próximo ano possibilitará a retomada do crescimento”, diz Curiati.

Em relação à locação, a UBlink espera, segundo Rogério Santos, também fundador da startup, expansão do mercado, neste ano, considerando-se o aumento dos custos de financiamento imobiliário e as mudanças culturais, puxadas pelas novas gerações, que priorizam experiência e mobilidade em relação à propriedade. A UBlink não exige que quem pretende alugar um imóvel tenha fiador, ao mesmo tempo em que assegura o pagamento da locação ao proprietário.

Santos ressalta que o setor de incorporação viveu, por um ano e meio, um período de apresentação de grande volume de projetos ao mercado, com forte absorção dos imóveis pelos consumidores. Essa expansão de lançamentos, acompanhada por um ritmo de vendas acelerado, teve como base taxas de juros de um dígito e a maior valorização das moradias decorrente das necessidades de isolamento social e de os imóveis residenciais se tornarem também espaços para trabalho e para educação remota.

As mudanças abrangeram o aumento da procura por compra de imóveis maiores, muitas vezes, menos centralizados, e por casas de campo e de praia, além de loteamentos.

Houve também crescimento da demanda por locação, pois o trabalho remoto se tornou realidade para muitas empresas anteriormente resistentes a esse modelo, e muita gente decidiu experimentar se iria se adaptar a morar fora de grandes centros, como São Paulo, antes de tomar a decisão de compra de um imóvel em outra cidade. Com o avanço da vacinação, o modelo híbrido passou a ser adotado por muitas organizações, com novos reflexos no mercado imobiliário, por exemplo, a diminuição da vacância dos escritórios comerciais.

Há quase três meses, a dinâmica social e urbana passou a ser afetada por mais uma variável: a invasão da Ucrânia pela Rússia. A guerra tem resultado, além das perdas humanas e da deterioração da economia ucraniana, em expressivo aumento internacional das commodities e dos custos de frete. No mercado imobiliário, isso significou nova pressão de custos de materiais – antes da guerra, havia expectativa de arrefecimento das altas das matérias-primas neste semestre – e, consequentemente, repasses das elevações para os preços de apartamentos e casas.

O ritmo de venda de imóveis diminuiu, e parte das incorporadoras já optou por desacelerar lançamentos. Sazonalmente, o volume lançado costuma crescer de agosto a novembro em relação ao início do ano. A UBlink tem expectativa que essa tendência se mantenha, em 2022, destaca Santos, ainda que as empresas estejam mais cautelosas em relação à viabilidade dos projetos e buscando mais eficiência na execução dos empreendimentos para compensar materiais de construção mais caros. 

“Em outros momentos desafiadores vividos pelo setor, ficou claro que o mercado imobiliário pode diminuir de tamanho, mas não se extingue. Convivemos, com juros altos, por muito tempo. Sempre haverá oportunidades para quem for mais ágil e criativo”, diz Curiati.

Os dois empresários possuem experiência conjunta de mais de 60 anos no setor. A UBlink tem também Vânia Gomes – executiva da IBM por 26 anos, onde foi vice-presidente da América Latina – como fundadora.

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