Foto: Karim Kahn/Fiesp
“Vivemos um momento diferente no Brasil e no mundo, porque a indústria está mais vulnerável à política monetária, o que nos afeta bastante”. A declaração do presidente do Conselho Superior da Indústria da Construção (Consic) da Fiesp, Rubens Menin, deu o tom da reunião realizada na última quinta-feira (11/8).
A taxa de juros predominou nas discussões do Conselho e, de acordo com Menin, a falta de capital de giro e os juros excessivamente altos criam ambiente muito desfavorável para a indústria, especialmente o setor da construção.
“Essa política monetária mais restritiva não é só no Brasil, mas no mundo todo. No entanto, aqui a taxa real é maior. Com o IPCA indo para 7% e a Selic em quase 14%, temos uma grande diferença. Se somar a isso o spread, chega aos 10 pontos. E aí ninguém pode resistir. Isso mata a indústria”, lamentou Menin.
Menin também alertou para a necessidade de que haja controle fiscal e que a inflação não apresente nova curva de crescimento. “Precisamos torcer para que o IPCA nos próximos anos não volte a crescer como um dromedário”, disse ele, sinalizando o movimento de um gráfico com duas corcovas.
A opinião é compartilhada pela economista-chefe do Departamento de Research do Banco Inter, Rafaela Vitoria, que participou da reunião. A manutenção de juros baixos, apontou, é benéfica para o mercado de capitais e para financiamentos imobiliários, o que ficou evidente durante o segundo semestre de 2020, quando a Selic chegou à mínima histórica de 2%. “A concessão de crédito imobiliário cresceu significativamente nos últimos anos também para a pessoa física, o que teve impacto direto dos juros. Uma Selic em torno de 5 pontos seria muito preferível”, afirmou.
Ainda que a taxa no exterior tenha subido, os juros reais são maiores no Brasil. De acordo com a economista do Inter, o IPCA projetado para 2022 deve ficar em 6,5%, estimativa mais otimista que do Boletim Focus, de 7,11%. “Se nossas projeções se confirmarem, poderemos ver a Selic começar a ser cortada já no primeiro semestre de 2023”, anunciou.
A reunião também teve a participação do diretor executivo BTG Pactual, Guilherme da Costa Paes, do chefe de mercado de capitais de renda fixa, Daniel Vaz, e da diretora Daniella Yamada. Eles apresentaram produtos para o setor da construção civil, tais como debêntures e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).
As debêntures são mais indicadas para empresas com nível mais avançado de governança, estrutura e volume de emissões de papéis superior a R$ 100 milhões. No caso dos CRIs, é um produto mais acessível a empresas de menor porte e com menor nível de governança.
A reunião contou ainda com a participação da secretária-geral adjunta da Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem Ciesp/Fiesp, Jéssica Cacique de Araújo, que apresentou os produtos da Câmara e suas vantagens. A arbitragem tem como principal característica o julgamento do especialista sobre o tema do conflito, a indicação feita pelas partes, a celeridade, sigilo e informalidade. Sendo a decisão do foro definitiva, esse instrumento proporciona economia ao longo do tempo.
As vantagens da mediação residem na construção das soluções pelos próprios envolvidos, em uma relação de ganha-ganha, na qual não existem as figuras do vencedor e do vencido. “Isso porque o cumprimento do que foi acordado é espontâneo, existe racionalidade nas decisões e esse meio é recomendado para relações que tendem a se prolongar, como no caso dos contratantes comerciais ou familiares”, explicou Jéssica Araújo. Ela também apresentou os Dispute Boards, que tem como principais vantagens a intervenção de corpo técnico e a garantia de que as obras não serão paralisadas durante o processo.
Também participou da reunião o diretor titular do Departamento da Indústria da Construção e Mineração (Deconcic) da Fiesp, Ronaldo Cury. Ele informou a constituição da nova diretoria do departamento e apresentou um resumo de um dos trabalhos em desenvolvimento: uma pesquisa sobre substituição tributária, tema extremamente relevante para a cadeia produtiva da indústria da construção.
A informação é da Agência Indusnet Fiesp
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