segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Grandes aportes e demissões em massa: como evitar a euforia das startups

Yoshimiti Matsusaki é CEO de fintech com 20 anos de mercado dá dicas de como gerenciar investimentos e crescer de forma sólida e consistente.

Os dois últimos anos foram tempos de ouro para o mercado de startups. De acordo com a Associação Brasileira de Startups, 1.400 novas empresas emergentes foram abertas em 710 cidades de todas as regiões do país, em 2021. Como a maioria delas já nasce com um DNA tecnológico, foram providenciais em um momento em que o brasileiro buscava desburocratização para realizar atividades cotidianas sem sair de casa.

Além disso, o fator econômico também contribuiu. As altas taxas de juros e inflação criaram um ambiente de liquidez mundial para o segmento, fazendo com que este mercado se tornasse um ótimo investimento no país.

Muitas cresceram durante a pandemia, contudo a instabilidade econômica de 2022 fez com que marcas já consolidadas tivessem que anunciar demissões em massa. Até o mês passado, ao menos 10 startups de diversas áreas, como aluguel de imóveis, compra e vendas de carros, soluções financeiras e venda de alimentos, tiveram que desligar de 100 a 300 colaboradores e foram obrigadas a pisar no freio.

Evidentemente isso se torna um problema social neste momento em que o Brasil tem quase 10% da população em busca de emprego, mas, além disso, para as empresas que efetuaram as demissões o impacto é desastroso em termos de reputação e confiança do mercado e consumidores. “É importante evitar cenários de especulação e euforia, pois sempre ocorre a necessidade de revisão de projeções e pessoas sofrem com isso”, afirma Yoshimiti Matsusaki, CEO da Finnet. O executivo, que é fundador da empresa de quase 20 anos no mercado, explica abaixo o que é preciso observar para manter a startup sólida e não ceder tão facilmente às vulnerabilidades econômicas do setor.

Cuidado com a euforia dos aportes 

Receber aportes milionários é provavelmente o sonho da maioria dos empreendedores, dado que investimentos do tipo têm o poder de mudar radicalmente os rumos da empresa, quase sempre para melhor. No entanto, o aporte também pode fazer com que a startup cresça desordenadamente, de modo que sejam feitos investimentos ousados. Neste momento, é fundamental ter um planejamento sólido e com metas muito bem traçadas, além de acompanhamento frequente de resultados. Matsusaki destaca que é preciso arriscar, mas com o máximo de seriedade e cuidado. 

Responsabilidade com os colaboradores

“Estamos falando de empresas que receberam aportes sem precedentes, logo naturalmente, cedo ou tarde, teríamos a cobrança de resultados e o caminho financeiramente mais fácil é sempre redução de custo a partir de demissões”, afirma o CEO da Finnet. O executivo explica que demitir acaba sendo sempre o primeiro movimento para tentar equilibrar as contas. Ele lembra que as startups estão em um momento de remunerar todo o investimento que receberam durante o ano passado, mas, como não têm conseguido gerar a receita necessária, têm partido para a contenção das despesas, ou seja, começaram a realizar cortes em massa.

“O mercado entrou em desequilíbrio, as empresas necessitando contratar pessoas a qualquer custo, por vezes sem analisar a real experiência do contratado, inflacionado o mercado, o que é natural pela lei da oferta e procura, mas em paralelo, foi uma oportunidade do colaborador ter uma significativa ascensão da sua remuneração num período curtíssimo. Existem empresas que se esforçam na construção de Propósito e na responsabilidade com o colaborador, mas vivemos um período “Money talks”; acredito que chegaremos num momento em que os bons profissionais serão devidamente reconhecidos e as empresas precisarão reconhecer aqueles que estão no barco também pelo propósito. É uma pena, mas as relações líquidas descritas pelo filósofo Bauman já chegaram há muito tempo no espaço corporativo dos profissionais de tecnologia.”, avalia.

Relacionamentos de confiança com fornecedores e parceiros

Boas relações com fornecedores e parceiros comerciais são essenciais para um crescimento sólido e duradouro. “É importante que uma startup se rodeie de parceiros de confiança, que podem inclusive ser outras startups, que tenham mais tempo no mercado”, analisa Matsusaki. Ele defende que esta relação cria um ambiente robusto e traz mais oportunidades de crescimento seguro para as empresas emergentes.

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