segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Quando a relação pai e filho (a) chega ao extremo na empresa familiar

*Coluna por Aletéia Lopes, 22/08/2022

Há algumas semanas, li uma reportagem em portais de notícias relatando que uma filha foi demitida da empresa familiar pelo próprio pai após criticar o presidente da república. Por essa atitude do pai, a filha entrou na justiça e recebeu uma indenização de R$ 125 mil reais.

Na reportagem a filha diz que um “misto de indignação, tristeza e decepção” foi a motivação para entrar na justiça contra seu próprio genitor e que no fundo não queria chegar ao extremo.

Diante da minha vivência em projetos de Governança Familiar posso avaliar que esse e outros casos extremos nascem da falta de diálogo e fragilidade dos laços familiares bem como também pela falta de profissionalização da relação familiar dentro da empresa, onde na maioria das vezes não existe fóruns apropriados para discutir a relação familiar, o que contribui para que assuntos de cunho pessoal interfiram diretamente no ambiente organizacional.

Essa falta de diálogo geralmente acontece por resistência da própria família empresária e principalmente do fundador em querer lidar com problemas familiares, pois preferem jogar “embaixo do tapete” assuntos que consideram que não são relevantes para o bom andamento da empresa, no entanto, essa resistência só vai aumentar o problema ao longo do tempo. Criam holdings, realizam acordos jurídicos societários acreditando que é o suficiente para manter a família organizada. Mas existem questões comportamentais que não podem ser negligenciadas, pois não há como resolver certos problemas do presente, sem tratar questões do passado. Pois a raiz de muitos problemas dentro da empresa familiar podem estar contidos de segredos, alianças invisíveis, mágoas antigas, ressentimentos, o dito e o não dito, dentre outros aspectos delicados e dolorosos de resolver, mas que precisam ser tratados urgentemente sobre o risco de causar rompimentos extremos.

Quando faço esse alerta à família empresária, geralmente, comparo esses problemas a uma ferida na perna. É possível tentar escondê-la, cobri-la para que ninguém veja e para que a própria pessoa ferida não a veja. A questão é que o ditado “o que olhos não veem o coração não sente”, não se aplica a essa situação. Então, a ferida pode permanecer encoberta por algum tempo, mas, por não ser tratada, não cicatriza e só piora, a úlcera cresce para dentro, invadindo a corrente sanguínea até a necrose da perna.

Essa analogia é para explicar que tratar questões pessoais e comportamentais dentro de uma família empresária é necessária, que mesmo com todo cuidado, a dor faz parte do processo para o tratamento, no entanto o importante é não esconder e sim tratar todas as feridas, antes que seja tarde demais. 

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do ENB.

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