segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Como demito meu filho da empresa familiar? – Por Aleteia Lopes

*Coluna por Aletéia Lopes, 29/08/2022

É muito comum ouvirmos a frase: “nunca admita quem você não pode demitir”, mas como não inserir o filho ou a filha no negócio familiar se o que todo fundador mais quer é perpetuar o negócio dentro da sua própria família? É natural que os pais queiram os filhos dentro do negócio. No entanto, o que não é nada simples é como demitir o próprio filho ou filha da empresa caso seja necessário.

Durante minha jornada como consultora de Governança familiar, recebi um pai empresário com a seguinte solicitação: “quero lhe contratar para demitir meu filho”. Ele foi bastante direto e estava com um semblante muito angustiado. No mesmo momento perguntei qual seria o motivo dessa solicitação e ele me disse que o filho não estava gerindo bem a área que era Diretor na empresa e que ele não sabia como demiti-lo sem causar um problema familiar com o próprio filho e com sua esposa (a mãe).

Nesse caso, o pai ainda tinha plenos poderes dentro do negócio e mesmo sem ajuda externa poderia ter realizado seu desejo de demissão, no entanto não é simples tomar essa atitude, principalmente porque na maioria das vezes a relação da família no negócio não é profissionalizada e não existem regras claras para tal ato sem causar prejuízos na relação pessoal entre os membros da família. Portanto, o ideal é construir um Protocolo Familiar para inserir todas as regras de convivência da família no negócio, inclusive regras de admissão, demissão e formas de avaliação do executivo familiar na função que exerce.

Mas existe uma situação mais delicada ainda, quando o pai quer demitir um filho e não tem mais poderes para isso porque o filho transgressor já tomou o poder do pai se aproveitando das fragilidades do seu envelhecimento e do distanciamento dos outros herdeiros do negócio.

Embora seja complexo, se o pai ainda tem o direito legal sobre a administração dos negócios, é possível realizar uma intervenção com a estruturação da Governança, a preparação e aproximação dos demais herdeiros no negócio e a estruturação societária com um planejamento sucessório estruturado. No entanto, existe um desgaste emocional muito grande para o fundador tentar reaver seu poder, pois o filho transgressor fará de tudo para atrapalhar ou interromper o processo, inclusive tentando denegrir o trabalho da consultoria especializada para manter o status quo vigente. O transgressor é um manipulador e vai encontrar maneiras de quebrar, burlar ou mesmo prejudicar a construção de qualquer acordo que possa tirá-lo do pleno poder.

Toda essa manipulação pode chegar ao ponto de configurar um tipo de abuso psicológico. Exemplo disso é quando o transgressor se percebe limitado e se sente também frustrado por não conseguir mais transgredir com tanta facilidade, então, passa a ferir sua própria família, porque como ele não está mais “atingindo seu objetivo”, acaba infernizando os que o rodeiam.

Portanto, demitir um filho ou filha é algo muito delicado e que necessita de ajuda externa profissionalizada, construção de regras, estabelecimento de limites e principalmente um trabalho preventivo para que caso seja necessária a demissão, o herdeiro e o fundador separem as relações profissionais das relações familiares sem causar prejuízo para a família e nem para o negócio.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do ENB.

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