domingo, 21 de agosto de 2022

Um Olhar sobre as Profissões com Lara Praça

Na edição de hoje do Um Olhar sobre as Profissões, entrevistamos Lara Almeida Praça, que é sócia na startup Readi Doc. Pronto. Além de advogada, Diretora Jurídica do Samir Jereissati Advogados, membro da Comissão de Direito Imobiliário da OAB/CE e  Diretora do IBRADIM/CE. 

Com pós-graduação em Direito Processual Civil (Unifor), em Direito Digital e Startups,  em Direito Imobiliário e LL.M em Direito Corporativo (IBMEC/RJ), Lara conta como surgiu a ideia de desenvolver uma proptech voltada para registro e adequação de documentação imobiliária, os desafios e as metas para o futuro. 

Confira a entrevista completa:

ENB: Como surgiu a ideia de criar o Readi Doc. Pronto?

LP: Sou advogada e atuo no mercado imobiliário há quase vinte anos. Dentro das minhas atividades sempre atuei também com regularização de imóveis. Em determinado momento, recebi uma  carteira de imóveis para regularizar. Comecei o trabalho apresentando parecer jurídico, explicando o que precisava ser feito e quais caminhos seguir até a conclusão do trabalho.  O cliente me perguntou em quanto tempo tudo seria resolvido, e a minha resposta foi: não é possível estimar prazo.

E isso acontece por vários motivos, sendo o principal o fato de que o processo de adequação de documentação imobiliária é bastante descentralizado, ou seja, é um procedimento que depende de muitas pessoas e de muitas etapas: do despachante,  do arquiteto ou engenheiro para fazer um levantamento topográfico, além do cartório, da prefeitura, da secretaria de urbanismo e meio ambiente. Fora os pagamentos de taxas e impostos…enfim, é uma gama de situações que nos impõem vários processos para chegar ao serviço final.

Diante desse cenário, meu sócio e eu entendemos que isso poderia ser amenizado se criássemos algo que resolvesse tudo em um só lugar. Nasceu a READI doc. pronto.

 ENB: De onde surgiu o nome Readi Doc. Pronto?

LP: O nome Readi significa Registro e Adequação de Documentação Imobiliária, e a ideia é entregar o documento pronto para o usuário, por isso pensamos com muito cuidado na identidade da nossa marca.

Readi tem som de  Ready (que significa “Pronto” em inglês). Nas cores da logomarca, pensamos em colocar o vermelho trazendo essa associação com algo irregular, passando pela cor amarela que significa que estamos no processo de adequação, e chegando até uma situação regular, representada pela cor verde.

ENB: Como foi tirar a ideia do papel e implementar a startup?

LP: Foi em 2020 que pensamos na criação da Readi. E neste mesmo ano, em março, nós nos deparamos com a pandemia. Então, todos os serviços que envolviam adequação de documentação imobiliária ficaram muito prejudicados porque não era possível efetivar as pendências.

No mesmo ano, o Conselho Nacional de Justiça emitiu provimentos que aceleraram a transformação digital dos Cartórios, possibilitando, assim, um ambiente mais propício para o surgimento da READI. Era momento de tirar a Readi do papel.

Pode parecer que foi rápido, mas nós passamos um bom tempo construindo a Readi. Na verdade, a Readi funcionou offline, ao longo de alguns poucos meses. Mas a plataforma só ficou pronta em setembro de 2021, depois que a gente fez um MVP (Produto Minimamente Viável) da plataforma. Validamos esse produto no mercado e depois disso resolvemos lançar a plataforma.

ENB: Quanto a regularização no Brasil, pode nos explicar melhor sobre essa questão?

LP: A necessidade de regularização no Brasil é muito alta. No Brasil, mais de 60% dos imóveis não têm documentação cartorária e os 40% que tem, muito estão irregulares. O interesse das pessoas pela regularização do imóvel, no entanto, é baixo, ou seja, as pessoas só se preocupam com o assunto quando estão diante de uma situação que as impõe resolver as irregularidades. Por exemplo: quando precisam vender um imóvel ou quando precisam obter um empréstimo.

Além disso, como falei antes, há outros motivos que contribuem para esse número tão alto. A descentralização do processo, a burocracia e os valores que são despendidos para solucionar as irregularidades. A Readi traz soluções para isso, tornando mais simples a resolução dessas pendências já que a pessoa pode realizar tudo em um só lugar.

ENB: E como funcionam os serviços ofertados pela plataforma?

LP: Utilizamos a plataforma para prestar serviços de adequação de documentação de imóvel e de emissão de documentos. São esses os nossos principais serviços: (1) o Imóvel Scanner é um serviço que compara os dados do imóvel no cadastro no Município (IPTU) e na matrícula. Ele serve para identificar possíveis divergências nos cadastros que podem eventualmente causar prejuízos. Através dele, você consegue visualizar o imóvel e o seu entorno, obter informações e o documento do imóvel e o extrato do IPTU atualizado. (2) O Doc. Pronto é nosso segundo serviço. É um serviço de emissão de documentos e certidões. Através da READI, é possível emitir esses documentos de forma ágil, segura e digital.

ENB: Os serviços ofertados pela startup são 100% automatizados?

LP: O que acontece é que muita gente acha que uma startup é uma empresa só de tecnologia. Na verdade, não é bem assim. Uma startup é uma empresa de inovação. A tecnologia vem para acelerar o processo de inovação. E quando falamos de inovação, precisamos destacar que é sobre a transformação de algo complexo em algo mais simples, ainda que não seja inédito. E essa explicação se faz necessária porque toda startup precisa de pessoas atuando e se dedicando às demandas.

Somos uma plataforma digital com diversas tecnologias atualizadas como leitura automatizada de matrículas e emissão automatizada de certidões, por exemplo. Mas nada vai para o cliente sem a presença e a verificação humana, sem que haja uma conferência de que tudo está correto. Vale muito destacar que, toda startup é uma instituição humana.

ENB: Uma pessoa física, que esteja tentando realizar os processos de regularização sozinha, pode usar o Readi?

LP: Pode sim! Nós trabalhamos com duas verticais. A primeira dessas verticais é o serviço Avulso, que permite que pessoas físicas que tem um imóvel e desejam saber como ele está, ou que buscam resolver alguma regularização de forma pontual, realizem essas demandas diretamente na plataforma. A segunda vertical é a Carteira, que é voltada para pessoas jurídicas que precisam desses serviços de forma recorrente. Como por exemplo: empresas patrimoniais e incorporadoras, que necessitam de atualização de documentos e adequação de documentos com mais frequência.

ENB: Você acredita que a Readi causou mudanças no mercado cearense?

LP: A Readi, que é uma startup genuinamente cearense, nasceu com o objetivo de auxiliar as pessoas, físicas ou jurídicas. Nosso objetivo é oportunizar um caminho mais simples para a regularização de imóveis e para emissão de documentos. Acredito que a READI possa contribuir para a mudança de mentalidade do mercado sobre como observar essa questão e como seguir as demandas com mais facilidade. Como clientes, temos escritórios de advocacia, advogados, corretores, imobiliárias, incorporadoras, empresas patrimoniais, que encontraram na Readi  uma caminho para tornar seus processos mais simples.

ENB: Você destacou que a Readi Doc. Pronto é uma empresa de governança. Pode nos falar mais sobre isso?

LP: A gente ainda não trabalha com os princípios e os fundamentos do ESG ( sigla em inglês para Environmental, social and Governance, que significa Governança ambiental, social e corporativa). Mas, desde o primeiro dia, percebemos a necessidade de ter uma empresa com governança. Tanto é que nos autodenominamos proptech, startup que trabalha com propriedades de governança imobiliária.

A Governança Imobiliária é um conceito que criamos com o objetivo de destacar nosso cuidado sobre os imóveis. E para isso, nós desenvolvemos a governança, a gestão de processos, de informações dos clientes.

Junto com a governança, na sigla ESG, você tem o environmental que trata da sustentabilidade, e o social, que é responsável pela parte social.  Não acredito que seja possível alcançá-los sem termos uma boa governança. Quem sabe um dia chegaremos a ser uma ESG.

ENB: Quais as expectativas, próximos passos e desafios para a Readi?

LP: Como falei anteriormente, somos uma empresa de governança imobiliária. Mas, para além disso, como uma startup, a gente busca todos os dias por uma melhora nos nossos processos. Desde que começamos até agora, já passamos por diversas mudanças de planejamento. A gente pensava na plataforma de um jeito e depois percebemos que poderíamos seguir de outra forma. Então, estamos abertos às mudanças que trazem melhorias. Tudo é tão rápido que, nesse momento, a gente já pensa em lançar um novo produto. Este será apenas para o público B2B e vai ajudar muito as empresas patrimoniais e incorporadoras, porque é um produto voltado para o dia-a-dia deles.

Assim, nossos planos, expectativas e desafios é seguir planejando, governando e buscando desenvolver novas soluções para melhorar a vida das pessoas.

ENB: Um olhar sobre o Economic News por Lara Praça  

LP: O Portal Economic News Brasil vem fazendo um trabalho importante de comunicação na área de empreendedorismo. Como empreendedora, achei a entrevista leve, clara e democrática.

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