quinta-feira, 28 de julho de 2022

Relações entre números e análises – Por Luís Henrique Alencar

*Coluna por Luís Henrique Alencar, 28/07/2022

Olá leitor, quando converso com empresários sobre números e análises mínimas necessárias para gerir uma empresa, não há surpresas quanto ao entendimento. Porém, no dia a dia, percebe-se que o crossover das informações, prática que recomendo inclusive, são, muitas vezes, desconsiderados nas análises. Hoje, falaremos sobre links entre o número e a decisão que poderia/deveria ser tomada a partir desse.

O primeiro link que faço é entre o fluxo de caixa e a DRG (demonstração do resultado gerencial tem forma e estrutura similar a DRE, porém com a visão de regime de caixa, ou seja, lucro no bolso). Ora, o caixa é rei. Logo, para que haja reinado, é necessário que haja lucro. O lucro, resultado da DRG, é o que gera o caixa. Para a gestão, não é recomendado que seja analisado indicadores isoladamente. Eles respondem sim certas questões, mas analisados em conjunto sugerem uma solução mais profunda até.

Mas o que analisar no fluxo de caixa? Essa é uma peça de extrema importância para qualquer negócio, de qualquer tamanho, de qualquer indústria. É através do fluxo de caixa que as decisões do agora e do amanhã são tomadas. O fluxo de caixa é composto, basicamente, por quatro fluxos: a receber, a pagar, recebidas e pagas. Nos fluxos futuros devem estar contidos os compromissos firmados e as projeções. As projeções, por sua vez, são baseadas no orçamento de lucro (isso mesmo, de Lucro!), que consiste na projeção das realizações dos faturamentos e compras. Em resumo, o fluxo de caixa é alimentado pelo lucro projetado (através de suas projeções de entradas e saídas) e pelo lucro realizado (através dos recebimentos e pagamentos).

Para a análise do lucro, o dividiremos em três fases, as quais são: fase da operação, fase da administração e fase extra. Na fase da operação, o chamamos de lucro bruto. Esse diz muito sobre o quanto se deixa na mesa ao negociar e quanto é necessário gastar para entregar o prometido, seja um produto ou um serviço. Esse número não deveria ultrapassar, em média, 50% da receita bruta, um percentual saudável para o que está por vir. Ainda sobre essa fase, temos que para uma análise mais aprofundada deve-se incluir dados operacionais como horas incorridas, quantidade produzida etc, para conhecermos o custo unitário. O custo unitário, por sua vez, baliza a precificação, verifica se o preço praticado está de acordo com a estrutura de gastos praticada, por exemplo.

Outra fase da administração, chamamos o lucro operacional, que representa o que restou para empresa depois de ter negociado, entregue o prometido e mantido a empresa de pé. Nessa fase do lucro, estão as despesas, que respondem a vários questionamentos como: quando é o CAC, qual é a relação do gasto com marketing e a receita bruta etc. É nessa fase, inclusive, que está o pró-labore, muitas vezes o vilão dos lucros.

E na fase extra, o chamamos de lucro líquido. Essa é a forma mais conhecida de lucro, é o senso comum. Depois de deduzidos os gastos com a negociação/venda, os gastos para entregar o prometido, os gastos para manter a empresa de pé, acrescenta-se o resultado financeiro e o resultado não operacional. Se o lucro líquido é muito diferente do lucro operacional, perceba que está sendo gasto energia desproporcional frente à atividade fim da empresa.

Perceba que em nenhuma dessas análises foi visto um fator isoladamente. Os números conversam e nos dão gritos, às vezes de felicidade e outras de medo. Compreenda-os!

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do ENB

 

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