*Coluna por Aletéia Lopes, 12/09/2022
É óbvio que no regime monárquico existem regras de sucessão ao trono que são indiscutíveis, onde a transmissão de poder ocorre de forma hereditária (de pai para filho) e este governa de forma vitalícia até morrer. Foi exatamente o que aconteceu na Inglaterra durante esses dias, onde a rainha Elizabeth II morreu aos 96 anos de idade e seu filho mais velho, o príncipe Charles assumiu o trono e tornou-se o rei Charles III.
A monarquia é a forma de governo mais antiga e vigente até o momento atual e por isso exerce bastante influência em diversas sociedades, inclusive na sociedade empresarial, onde o ranço da monarquia influência na forma de visão de mundo de vários fundadores que acreditam que o filho mais velho e homem automaticamente tem que ser o sucessor. Mas, pensando de forma mais ampla, será que o Rei Charles III foi o melhor sucessor ao trono da Inglaterra?
Pensando apenas do ponto de vista técnico, talvez o Rei Charles III esteja realmente preparado para assumir o trono, até porque foram muitos anos acompanhando o reinado da sua mãe. No entanto, existem características comportamentais que não podemos ignorar, além de valores da rainha Elizabeth II que estão institucionalizados na sua forma de reinado e que podem não ser os mesmos valores de seu sucessor. E esses fatores precisam ser levados em consideração para que exista uma continuidade do legado.
Portanto, fazendo uma analogia com a empresa familiar é possível perceber que muitos fundadores acreditam que o filho mais velho, homem “varão” é o mais preparado para ser seu sucessor simplesmente porque é o mais velho e o acompanha há mais tempo na empresa. E infelizmente, isso não é o suficiente para garantir a longevidade do negócio. Existem muitos outros fatores envolvidos na escolha do melhor sucessor, como: vontade legítima de querer suceder o pai/mãe, preparação técnica, perfil mais adequado ao momento da empresa, aspectos comportamentais, modelo mental, dentre outros fatores que são fundamentais no processo de sucessão na empresa familiar.
Portanto, dentro da empresa familiar não podemos ter uma visão simplória de que a idade seja o principal e mais relevante fator de se fazer uma boa sucessão familiar. Isso pude constatar durante meus anos de experiência implantando projetos de Governança Familiar e sucessão, onde pude acompanhar e até ajudar a desmistificar essa ideia do filho mais velho e homem ser a única opção para a sucessão. Já assessorei processo de sucessão onde o filho mais novo, mesmo com um passado rotulado de “playboy” era realmente o mais preparado em todos os aspectos para liderar a empresa familiar e isso se confirmou no crescimento exponencial do negócio durante sua gestão.
Já acompanhei um caso em que a filha mulher era uma sucessora nata, com alto nível de qualificação e total aderência a melhor forma de gerir os negócios, no entanto o pai fundador não conseguia enxergá-la como possível sucessora pelo fato dela ser mulher e na visão de mundo dele o seu filho homem mesmo totalmente despreparado seria sua única opção. Foram muitos anos de sofrimento nessa família empresária, onde a filha sofria por não ser vista como opção na sucessão por mais que se dedicasse e o filho sofria porque não queria e nem estava preparado, mas não tinha coragem de ser sincero com o pai. Algo que parecia tão óbvio, mas que precisou de uma intervenção externa para ter um bom êxito no processo sucessório.
Portanto, suceder ao “trono da empresa familiar” é muito mais complexo e precisa ser conduzido da forma mais profissional possível para não deixar que influências do modelo monárquico sejam as únicas formas de se pensar o processo sucessório na empresa familiar.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do ENB.
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